A despeito das controvérsias a respeito da data e dos motivos para sua criação, tanto na Europa como nos EUA, surgiu no final do século XIX e começo do século XX, a proposição de um dia das mulheres, em meio à lutas pelo voto feminino e melhores condições de trabalho. Historiadoras apontam que a ideia de uma comemoração anual surgiu depois que o Partido Socialista da América organizou o Dia das Mulheres, em 20 de fevereiro de 1909, em Nova York — uma jornada de manifestação pela igualdade, direitos civis e pelo voto feminino. Outros afirmam que a data tem a ver com a morte de centenas de trabalhadoras numa fábrica têxtil em NovaYork, quando lutavam por direitos trabalhistas.
Ao mesmo tempo, durante as conferências de mulheres da Internacional Socialista em Copenhague, 1910, foi sugerido, por Clara Zetkin, que o Dia das Mulheres passasse a ser celebrado todos os anos. Em 8 de março de 1917, “ainda na Rússia Imperial, organizou-se uma grande passeata de mulheres, em protesto contra a carestia, o desemprego e a deterioração geral das condições de vida no país”, o que marcou a data.
Em 1975, a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu o Ano da Mulher e o dia 08 de março como o Dia Internacional da Mulher com o objetivo de “lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais, econômicas ou políticas”.
Assim, chega-se a 2025, celebrando os 50 anos da criação do Dia Internacional da Mulher. Ao analisar os fatos ocorridos neste período encontram-se as conquistas em vários campos, no entanto, as mulheres ainda estão muito aquém da sua representatividade nos espaços de tomada de decisão tanto na política como no mundo privado. A despeito das leis, da maior qualificação em anos de estudo e da participação em todos os setores da sociedade, as mulheres padecem de discriminação e violência.
Também há uma disparidade na igualdade de gênero entre os vários países, pois enquanto algumas mulheres são eleitas presidente da república, outras sequer tem o direito de ir e vir, de estudar e escolher uma profissão e sofrem violência doméstica e pública.
Não se pode esquecer das guerras, que penalizam as mulheres, as quais além de perder suas casas, suas famílias e sofrerem violências de toda ordem, são estupradas e usadas como moeda de troca.
E nesses novos tempos, há uma disputa de versão no dia da mulher: entre flores e desafios. Muitas organizações entregam flores, brindes e outras ações para a beleza da mulher, o que faz esquecer o verdadeiro motivo do Dia da Mulher.
Por outro lado, movimentos feministas, como a Marcha Mundial das Mulheres, que congrega mulheres do mundo todo como o próprio nome diz, traz à tona a discussão por igualdade de direitos entre mulheres e homens, direitos reprodutivos, pelo fim da violência contra as mulheres, pelo basta de feminicídio, na defesa do meio ambiente, a permanência em seus territórios com vida digna e direitos trabalhistas.
Não tem problema dar ou receber flores no dia da mulher, o que não se pode é esquecer o seu significado para que haja o alcance verdadeiro da igualdade e a valorização das lutas das mulheres para que pudéssemos ter o direito de escolha, seja no voto na política, seja na vida de cada uma.